O Rá-tim-bum

"É o seu fim Batman! Essa máquina maluca vai te

matar em meras 72 horas! MWAHAHAHA!"

É coisa do destino. Em algum momento da história, o herói vai ser pego pelo cara malvado. Seja em combate aberto ou caindo numa armadilha, ele eventualmente vai cair nas garras dos vilões, e ficar à sua mercê.

Não é de todo ruim. Afinal, o verdadeiro herói precisa mostrar que é capaz de escapar das situações mais adversas, e que nem a situação mais complicada do mundo seria capaz de pará-lo.

Mas que graça teria escapar da morte inevitável se o vilão não colaborasse? Para poder escapar da morte inevitável, essa morte não pode ser tão inevitável assim. Por isso mesmo, surgiu o momento Rá-tim-bum.


Afinal, se você é um vilão poderoso, e tem a oportunidade de ter o herói rendido e imobilizado diante de você, a coisa mais sensata a fazer, com certeza, é preparar uma geringonça complicada para dar fim ao seu inimigo. Algo mais ou menos assim:

"Essa não! Jamais vamos escapar desse cercadinho!"

Qual grande bandido não gostaria de assistir a morte lenta e gradual do seu adversário, enquanto revela nos mínimos detalhes o seu plano diabólico que vai botar em prática nas próximas cenas?

Melhor ainda, depois de contar tudo, abandoná-lo numa área deserta, sem ninguém vigiando, amarrado a um dispositivo mecânico infalível que cortará suas cabeças se eles tentarem passar de uma cerquinha de metal?

Aparentemente, nenhum consegue resistir à tentação. Deve ser mesmo um prazer irresistível, a ponto de fazer ignorar qualquer resquício de bom senso, e resistir ao impulso de simplesmente pegar uma pistola qualquer, e enfiar logo tiro na testa do infeliz, e acabar logo com isso.

Ah, mas o filme precisa continuar... a platéia precisa se divertir, e assitir o herói escapando de um autêntico momento Rá-tim-bum é muito mais divertido do que simplesmente vê-lo escapando de balas, não é?

"Discordo."

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Mas nem só de máquinas Rube Goldberg vivem os momentos Rá-tim-bum. Em muitos filmes esse momento é bem mais sutil, e você só pode percebê-lo se estiver bem atento.

Eles várias vezes acontecem numa sequência rápida, entre um golpe e outro, numa deslizada do mocinho quando ele fica completamente vulnerável, mas em vez de dar o golpe de misericórdia, o vilão prefere fazer um longo discurso, uma piadinha de despedida, ou simplesmente dar um golpe diferente, que não seja fatal.

Ou você nunca se perguntou porque diabos aquele cara malvado deu uma coronhada no herói amarrado em vez de um tiro?